A minha infância foi
marcada por algumas lutas que não foram fáceis, mas não se compara com a
realidade de muitos, no entanto agradeço a Deus por ter passado por tudo, pois
me fazem dar o devido valor naquilo que tenho hoje, e me leva a refletir que
nada nessa vida é fácil, tudo exige um esforço para adquirir algo.
Desde meus quatro anos de
idade passei a morar em fazendas, pois meu pai era vaqueiro. A partir daí
começaram as dificuldades. Eu estudava no período matutino, minha mãe me
acordava cinco horas da manhã para pegar o transporte. Podia ser no frio, ou
debaixo de chuva, ela nunca deixava faltar, mesmo com todas as complicações era
muito persistente.
Muitas vezes chegava com
as roupas e sapatos completamente cheios de lama na escola. Recordo-me que
chegava com fome, não porque não tinha o que comer, mas como era pequena e o
trajeto longo passava muito mal durante a viagem. Das poucas lembranças que
tenho sobre minha alfabetização, lembro que gostava de fazer o alfabeto em
cadernos velhos, formava palavras e a cada vez que conseguia ler algo ficava
muito feliz. Lia propagandas na televisão, placas na rua, nomes de comércios,
tudo o que me chamava atenção eu tentava ler.
Minha mãe me relatou que
sempre fui muito interessada e persistente. Quando não conseguia ler, ficava
tentando até acertar. Ela muitas vezes não tinha tempo para me ensinar, por
isso quase sempre fazia as tarefas de casa sozinha. Hoje vejo a importância
dessa experiência que fez parte da minha infância até a adolescência. A visão
que se tem é diferente, mas é algo que marca muito a nossa vida e que fica
sempre em nossa memória.